A HORA DE PARTIR

João Felipe, embora estranho, era um cara legal,
Por isso ninguém entendeu.
Na tebalda, sempre chamava a atenção,
Mesmo fugidio.
Noite de lua, junto ao frio e seu café,
Solitário na varanda, dedilhava um violão.
Numa mão, uma caneta a riscar um pequeno papel,
Na outra o violão, mas na cabeça,
O que será que tinha?
Costumava chegar rindo, mas ao se declarar,
Contíguo ao violão,
Todos rumavam aos prantos. Algo tomava conta.
Todos se esforçavam inutilmente para entendê-lo,
No entanto,
Ele parecia entender a todos.
Naquele dia fatídico, estava alegre.
Cantou para todos, como sempre, e se resguardou.
Porém, ninguém imaginou que aquele momento
Iria marcar sua despedida.
No dia seguinte, em seu velório, todos comentavam
Sobre o tiro certeiro, e o produtor musical,
Que teria aparecido horas após sua morte,
Ignorando o ocorrido,
Para tentar um grande contrato.
Um rapaz com futuro como ele, foi vítima
Do violento processo e opressão humana
Que ocorre com os menos acolhidos,
E seu espírito livre, sentiu necessidade de divagar.

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